ALIMEN T AN D O O B R A SILEIRO

Estudo da CNA mostra os desafios energéticos para a irrigação no Brasil
Estudo irrigacao

Documento analisa o cenário atual e faz projeções até 2040

10 de junho 2025
Por CNA

Brasília (10/06/2025) Um estudo inédito da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) aponta direcionamentos para melhoria da infraestrutura de energia em atendimento à demanda para irrigação.

O estudo “Avaliação da Demanda Energética na Agricultura Irrigada para Apoio na Condução de Políticas Públicas do Planejamento Setorial” foi demandado pelo Sistema CNA e executado pela Universidade Federal de Itajubá (MG) por meio do Núcleo de Pesquisa e Extensão do Instituto de Recursos Naturais (Neiru).

O documento foi lançado na terça (10) durante o 3º Workshop ‘Setor Agropecuário na Gestão da Água’. O professor Afonso Santos, da Universidade Federal de Itajubá, apresentou o estudo e deu detalhes sobre a pesquisa.

Além de avaliar o cenário atual, o documento faz uma projeção da necessidade energética para agricultura irrigada até 2040.

Professor Afonso Santos dá detalhes sobre a elaboração do estudo. Professor Afonso Santos dá detalhes sobre a elaboração do estudo.

De acordo com a CNA, a produção agropecuária precisa de disponibilidade elétrica com qualidade para continuar produzindo e garantindo a segurança alimentar no Brasil e no mundo e, por isso, o objetivo do estudo é fornecer subsídios para políticas públicas, planejamento setorial e investimentos em infraestrutura energética rural.

“Os resultados obtidos não apenas oferecem uma visão clara da situação eletroenergética atual da irrigação no Brasil, mas também servirão como ferramentas valiosas para a análise das futuras expansões. O planejamento da demanda energética foi feito tendo como base as regiões onde há potencial para o aumento da irrigação, evidenciando as regiões que necessitam de investimentos adicionais em energia elétrica para ar esse crescimento, seja na infraestrutura ou na demanda de potência.”

O estudo identificou uma demanda reprimida em todas as regiões com elevada concentração de agricultura irrigada, outro ponto levantado também foi a baixa qualidade ou até mesmo falta de energia no campo, ofertadas pelas distribuidoras de energia do Brasil.

O estudo desenvolveu ainda alguns indicadores importantes para estimar os investimentos do setor elétrico em relação às demandas do agro, como o “Índice de Adensamento Rural” (IAR), que avalia a disponibilidade de rede de média tensão das distribuidoras de energia nas áreas rurais. Já o “Energia Não Suprida (ENS)” analisa os aspectos de continuidade do serviço de fornecimento de energia elétrica aos sistemas de irrigação.

De acordo com os dois indicadores, a energia que chega ao campo ainda é deficitária e não atende a contento as áreas irrigadas. “O não suprimento de energia significa falta de água nas lavouras, tempo que os equipamentos de irrigação não puderam funcionar por falta de energia, portanto, afeta diretamente a produção agrícola”, destaca o estudo.

Outro ponto abordado pelo estudo da CNA é a viabilidade elétrica para atender a demanda futura da irrigação. De acordo com o levantamento, é necessário um crescimento anual da rede elétrica entre 5% e 7% para suprir essa demanda.

Entre as regiões produtoras, a Região Norte apresentou os maiores desafios estruturais, com cobertura limitada, apontando uma necessidade de crescimento da rede elétrica acima de 20% ao ano para alguns Estados.

Polos de Agricultura Irrigada - O estudo levantou ainda as demandas atuais e futuras dos 16 polos de agricultura irrigada no país e alerta que há um déficit de 2,5 gigawatts para essas áreas irrigadas.

Em relação a 2040, marco temporal já considerado pelo setor no Atlas da Irrigação, a demanda total desses polos será de 5 gigawatts. "Essa demanda evidencia a importância do desenvolvimento de políticas públicas, tanto no setor da irrigação quanto na área de planejamento e expansão elétrica, visto a necessidade de atendimento dos irrigantes” diz o documento.

Estratégias e política setorial – Entre as estratégias sugeridas para o setor, o levantamento aponta ajustes necessários nos instrumentos do Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional (Prodist) e na Política Nacional de Irrigação para melhor interpretação da realidade das áreas irrigadas.

O estudo também avaliou o histórico de políticas públicas e setoriais de energia, procurando identificar a existência de relação entre a evolução da área irrigada e a condução de políticas públicas, e de fato nenhuma política energética teve alguma estratégia ligada ao atendimento das áreas irrigadas.

O estudo da CNA usou como fonte para o crescimento da irrigação no Brasil o estudo da Esalq/USP, além da Base de Dados Geográficos da Distribuidora (BDGD) de 2022, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), e de dados do Atlas Irrigação da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). Fontes já consolidadas de informação para que as propostas sejam coerentes com os anseios setoriais.

Clique aqui e e o estudo na íntegra.

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